Talvez mais do que em outros carnavais, em 2020 a Consumer Electronic Show em Las Vegas, maior feira do ramo da tecnologia, pareceu particularmente distante da parte 'Consumer' da equação. Algumas dos mais interessantes destaques da mostra são ideias cujos desdobramentos práticos ainda são difíceis de entender, ou no mínimo, representam apenas uma peça de um quebra-cabeça maior. Até smartphone conceito apareceu este ano.
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Abaixo listamos alguns dos destaques nebulosos da feira:

Fundada por Pranav Mistry, ex-VP da Samsung e veterano da indústria envolvido em produtos como o Gear VR e o Xbox, a Neon tem uma meta fixa: desenvolver avatares digitais em tamanho real, na tentativa de criar, segundo a própria, 'humanos artificiais'.
A primeira pergunta: se você já jogou videogame nos últimos 2 ou 3 anos, o que uma premissa destas importa? Afinal, você já interagiu com tecnologia similar diversas vezes (inclusive, como é comum hoje no caso dos games, os sujeitos virtuais desenvolvidos pela Neon também se baseiam em atores de carne e osso).
Mas o que afinal eles fazem? No papel, estes sintéticos são capazes de sustentar conversas de forma natural (embora, na prática, a tecnologia ainda pareça distante de um tête-à-tête verossímil). Dá para imaginar, talvez, um deles sendo usado como uma evolução mais empática de uma Alexa ou Google Assistente, ou como ajuda em salas de aula futuristas. Pouco importa: nem a startup sabe ainda como aplicar seus humanos de bits em um modelo de negócios. Portanto, nem de que forma isso vai chegar para consumidores e empresas.
Não é de hoje que celulares vem adotando mais e mais câmeras. E se você acha que isto está tornando smartphones horrorosos, a One Plus quer pôr fim nesta safadeza. Na CES, a marca mostou o Concept One um celular protótipo que 'esconde' as lentes ao clique de um botão. O gadget conta com um material sensível a estímulos elétricos: sua opacidade aumenta ou diminui quando uma corrente passa por ele.
A tecnologia é a mesma usada pela McLaren nos vidros de seus supercarros - a montadora inclusive trabalhou de perto com a One Plus para desenvolver o smartphone conceito. Trata-se do mais fino filme cromático sensível a estímulo elétrico do planeta - seja lá o que isso realmente represente como conquista. Além do quê, testes sugerem que, com certo esforço e em certos ângulos, ainda dá pra ver a câmera escondida por debaixo da parafernália high-tech.

Mais um ano de CES, mais um festival de maneiras com as quais fabricantes de televisores querem vender modelos mais e mais suntuosos para o público. Parte deste esforço tem a ver com uma maior presença de telas 8K, e nada mais justo: a indústria dá sinais de seguir mesmo pelo caminho de maiores resoluções. Mas se ano passado a aposta curiosa foi em TVs que 'somem' de sua sala de estar, este ano a Samsung está jogando no corner de televisores 4K que podem ficar em pé - como se fossem smartphones gigantes.
É o fim definitivo do hábito de deitar o celular antes de gravar algo? Stories, posts do TikTok e IGTVs vão escapar de nossos fones e dominar nossa rotina televisiva em altíssima resolução? SmartTVs já não são o bastante para aliar sua vida mobile e o sofá?
O modelo, chamado Sero, é de acordo com a fabricante um televisor para os millennials e os jovens da geração Z cuja vida gira em torno dos celulares. Para nós? O sinal que estamos ficando velhos demais para tudo isso.

O protótipo Vision AVTR da Mercedes-Benz abandona de vez o volante. Sugestão que não é nova (a GM já havia apresentado proposta parecida em 2018), mas ainda tem cheiro de ficção-científica - destas bem distantes.
Uma ideia como esta representa o último nível da escala de automação adotada hoje por fabricantes automotivas, que vai do 1 ao 5. O primeiro estágio é caracterizado por carros capazes de gerenciar a própria velocidade e ajudar em balizas, e ainda não fomos muito além desta realidade. “Estamos atualmente no nível 2, em que o veículo consegue acelerar, frear e se guiar sozinho por certos períodos de tempo”, nos disse ano passado Henrique Miranda, gerente de mobilidade e conectividade da BMW.
Resumindo: ainda tem muita estrada pela frente para o AVTR.
Por outro lado, sobrou para as bolinhas-robô: